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Historicamente, a introdução dos computadores na educação tendeu a reproduzir o ensino através de máquinas. Em 1924, Sidney Pressey, arquitetou uma máquina para a correção de testes de múltipla escolha. Posteriormente, em 1950, Burrhus Frederic Skinner propôs sua máquina de ensinar, baseada na instrução programada. As máquinas de ensinar foram propostas por Skinner como uma alternativa aos impasses que surgiram em decorrência das demandas de atendimento individual aos aprendizes.

Esse modelo de instrução foi bastante utilizado nas décadas de 50 e 60, mas foi com o advento do computador que ele passou a contar com flexibilidade e se aprimorou. Ainda que o uso de computadores fosse muito restrito e de elevado custo, empresas especializadas tais como a IBM e a RCA passaram a investir na produção de softwares que inauguram a instrução auxiliada por computador, ou Computer Aided Instruction (CAI) ainda na década de 60. Com o advento dos microcomputadores na década de 80, o software CAI ganhou força, o que representou o início do processo de inserção dos computadores nas escolas, principalmente nos países desenvolvidos. No CAI tem-se a primeira situação do uso do computador no contexto educacional como de uma máquina de ensinar aprimorada.

Modelo Instrucionista via computador

A figura acima sintetiza o modelo instrucionista de ensino mediado pelo computador. Em um primeiro momento, o computador é provido das informações que serão ministradas ao aluno. Essa ação de municiar o computador com as atividades programadas para o ensino é realizada por meio da instalação de um software do tipo CAI ou um dado conteúdo educacional. O processo de transmissão de conteúdos programados se perpetua quando um aluno faz uso do computador e, através dele, recebe o “pacote de informações” previamente programado. O aluno é o espectador para um volume de conhecimentos pré-determinados, pois, na maioria dos softwares de CAI, a interação existente entre o discente e o computador limita-se ao fornecimento de respostas a exercícios e a avanços ou retrocessos no conteúdo. Notadamente, um modelo unidirecional, individual e não colaborativo.

A abordagem instrucionista teve e continua a ter espaço dentro do cenário da educação. Foi a partir dela que os computadores começaram a ser difundidos nos ambientes escolares, sendo isso um ponto de partida para a criação de reflexões e novas possibilidades. Uma delas é que o uso do computador em um ambiente de aprendizagem pode e precisa extrapolar a automatização da transmissão de conteúdos programáticos, isso porque os ambientes educacionais necessitam de recursos que estimulem o pensamento crítico e a expressão de idéias de forma individual e coletiva.

Silva (2008, p.69) defende que “a dinâmica comunicacional da cibercultura e das interfaces de comunicação online entram em conflito com os fundamentos e práticas do ensino tradicional […]”. Nota-se, portanto, que se devidamente utilizados os recursos oferecidos pelo computador online podem viabilizar nova perspectiva para um processo educador criativo, fundamentalmente comunicativo, expressivo e contrário à reprodução. Não se trata de ignorar o valor da instrução, mas o de reconhecer que ela sozinha não é suficiente para a efetivação da construção de conhecimento.

Nos próximos posts vou ampliar essa discussão. Mas fica a pergunta: já conseguimos romper com a lógica da transmissão na educação?


Para ir além e saber mais:

Conheça o site do Porfessor Marco Silva (UERJ/Estácio): http://www.saladeaulainterativa.pro.br/

Leia o artigo: http://www.marcinholima.com.br/artigos/ciberpedagogia.pdf

Conheça também a dissertação:  http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=151294

Referência bibliográfica citada:

SILVA, M. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.